Tortura e prisão: 5 fatos macabros sobre o manicômio de Barbacena

Comparado com um campo de concentração, o Hospital Colônia ficou marcado pela situação desumana que seus pacientes eram submetidos

Paciente do Hospital – Luiz Alfredo/Revista O Cruzeiro

Conhecido pela tenebrosa alcunha de Holocausto Brasileiro, o Manicômio de Barbacena foi uma poderosa e atroz instituição psiquiátrica responsável por métodos de tortura e pela morte de muita gente em suas dependências, sob a acusação de loucura.

Incentivado pela ideia de tratamento mental, esse lugar é até hoje conhecido e se tornou ponto turístico, devido seu grande peso histórico. As formas desumanas de tratamento dos doentes no Hospital eram, por incrível que pareça, uma forma comum de abordagem psiquiátrica até, pelo menos, os anos 1970.

Reconhecidas como formas derivadas da prisão pelo famoso filósofo Michel Foucault, as instituições psiquiátricas eram responsáveis pelo ajustamento dos considerados anormais.

Assim, eram responsáveis pelo afastamento deles da sociedade, enquanto se esperava torná-los aptos ao mercado de trabalho. Isso foi responsável pela dor e até a morte de muitos, legitimados pelo Estado.

Conheça 5 fatos horripilantes sobre a vida no Manicômio de Barbacena.

1. Cidade dos Loucos

Crianças internadas / Crédito: Wikimedia Commons

O Manicômio era parte de um circuito de instituições psiquiátricas desenvolvido no município mineiro de Barbacena, que incluía uma série de sete prédios que abrigavam essas unidades de tratamento. Desses hospitais, ainda restam três em funcionamento.

Por esse motivo, Barbacena ficou conhecida como Cidade dos Loucos. O manicômio mais famoso foi erguido em 1903, em terras concedidas na Fazenda da Caveira, de Joaquim Silvério dos Reis, a princípio para o tratamento de tuberculosos.

2. Campo da morte

Homem em trapos / Crédito: Divulgação/Luiz Alfredo/Revista O Cruzeiro

Em geral, além de doentes mentais, o Manicômio de Barbacena tinha como alvo indivíduos que desviavam dos padrões desejados pela sociedade elitista brasileira, como prisioneiros políticos, homossexuais, indigentes, prostitutas, pobres e minorias étnicas, sendo que praticamente 70% dos pacientes não apresentavam problemas psiquiátricos de verdade.

Com a morte de mais de 60 mil pessoas no local, o hospital foi taxado como campo de concentração nazista pelo psiquiatra italiano Franco Basaglia, após descobrir as atrocidades do local. Até o ambiente dos trens parecia se reproduzir: a maioria dos prisioneiros era levada nos vagões desse veículo, que conectavam as cidades ao restante do estado.

3. Tortura

As formas de tratamento em Barbacena eram as mais pesadas e atrozes: choques elétricos, cadeiras do dragão, camisa de força e selas solitárias, em condições deploráveis de fome, sujeira e falta de itens básicos de conforto o mesmo água. Há registros de muitos casos de pessoas desesperadas ingerindo a própria urina. Eles faziam suas necessidades no chão e dormiam em maio a ratos e baratas.

Não a toa, o momento de maior mortalidade na instituição foram os anos 1960 e 1970, marcado pela Ditadura Militar. Muitos dos pacientes eram levados pela própria família (com consciência das condições): eram renegados, mulheres abandonadas pelos maridos e parentes com deficiências e transtornos.

4. Tráfico de corpos

Hospital Colônia de Barbacena / Crédito: Wikimedia Commons

Com as diversas mortes ocorridas no interior do local, tornou-se inviável o enterramento de todas as vítimas da Colônia de Barbacena. Isso criou um problema para a instituição, que foi facilmente resolvido por membros corruptos da ala administrativa: o tráfico de cadáveres.

Lucrando por baixo dos panos, organizadores do hospital vendiam corpos a instituições de medicina e laboratórios anatômicos, principalmente em Minas Gerais. Porém, não eram tantos lugares que buscavam esse recurso, então, começou-se a praticar a desova de corpos por dissolução em ácido.

5. Padrão e sucesso

Crédito: Wikimedia Commons

Logo que se tornou um centro de tratamento de “loucos”, o Hospital de Barbacena foi considerado referência nacional no tratamento a transtornos psiquiátrico, ainda na República Velha. Isso fez com que a instituição fosse amplamente procurada por aqueles que queriam abandonar seus renegados, e o local, que tinha capacidade de 200 leitos, ficou superlotado, com mais de 5 mil pacientes.

Isso, claro, piorou ainda mais a condição dos tratados, que viviam como nas atuais cadeias. Muitos morriam de frio ou por falta de recursos, e mesmo assim o manicômio tinha grande prestígio.

Fonte: Aventuras na História

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