Conheça os peixes que aprenderam a voar
Em meio ao oceano, existe um peixe que possui a capacidade de flutuar sobre a água por dezenas de metros antes de retornar às profundezas do mar. Os primeiros marinheiros que desbravaram o mar do Mediterrâneo pensavam que esses peixes passavam o dia pairando sobre o mar e que só retornavam à costa para dormir.
De acordo com o livro The Amazing World of Flyingfish, publicado pela Princeton University Press, em 2014, os marinheiros, que ficaram surpresos com a capacidade dos peixes, passaram a chamá-los de Exocoetidae (em latim, “ex-” significa “fora de” e “koitos” significa cama).
Peixes voadores
Existem cerca de 40 espécies de peixes voadores e todos possuem basicamente a mesma estrutura. Os pesquisadores dividem as quarenta espécies em duas categorias. A primeira engloba os peixes voadores de duas asas e a segunda envolve os peixes voadores de quatro asas.
Independente do número de espécies e das categorias, todos os peixes voadores têm uma cauda assimétrica, bifurcada verticalmente. Além disso, todos possuem vértebras que se estendem ao longo do lobo inferior mais longo do garfo, o que acaba fazendo com que os peixes se pareçam com uma espécie de leme de barco.
Esses peixes que, à primeira vista, são considerados incomuns, variam em comprimento, medindo entre cerca de 15 a 50 centímetros. De acordo com a revisão de 1994 do biólogo John Davenport sobre peixes voadores publicada na revista Reviews in Fish Biology and Fisheries, a capacidade de pairar sobre as águas do oceano ‘aparece’ quando atingem cerca de 5 cm de comprimento.
Davenport propõe que essas espécies desenvolvem a tal capacidade como uma forma de escapar de predadores que são capazes de nadar rapidamente, como, por exemplo, o peixe-golfinho (Coryphaena hippurus).
Características especiais
Segunda uma publicação, feita pela revista Nature em 1967, outra característica que merece destaque envolve o fato dos olhos dessas espécies possuírem uma espécie de barreira. Em forma de uma pirâmide, a barreira, além de proteger os olhos, permite que esses peixes sejam capazes de enxergar, tanto embaixo d’água, quanto enquanto pairam sobre o mar.
Nesse contexto, é importante frisar também que os peixes voadores são mais rápidos quando pairam sobre água. Por décadas, calcular a velocidade estimada que essas espécies podem atingir tornou-se um dos maiores martírios para os pesquisadores.
A resposta só veio em 1941, quando os especialistas que estudavam esses peixes conseguiram fotografá-los em ação. Os registros provaram que os peixes em questão só conseguem pairar sobre as águas dos oceanos porque adquirem uma maior velocidade quando nadam sobre à superfície da água.
Para conseguir realizar tal artimanha, os peixes voadores atingem uma velocidade que é 20-30 vezes maior que o comprimento de seu corpo. Após moverem a cauda furiosamente sobre a superfície do oceano, os peixes mantêm as nadadeiras firmemente esticadas, adquirindo, portanto, o impulso necessário para flutuar.
O mais longo vôo já registrado foi de 45 segundos. A velocidade atingida foi de 30 km/h (19 mph), de acordo com o Guinness World Records. O voo, que conquistou o recorde foi filmado em 2008, por uma equipe japonesa que viaja em uma balsa, no Japão.
Vale lembrar também que os peixes voadores podem atingir alturas de até 8 metros acima da superfície e, obviamente, podem realizar deslizamentos consecutivos, afinal, ao retornar à água, o peixe precisa nadar imediatamente para produzir impulso suficiente e, assim, emergir novamente.